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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

"O tempo não para"

É engraçado como vamos aprendendo a lidar com o Tempo (antes, eu não escreveria com inicial maiúscula, mas agora...). Na minha adolescência, eu sequer me imaginava ultrapassando a “barreira” dos 40. Barreira, sim! Barra, barreira, obstáculo! Em uma sociedade voltada para a produção e o consumo de bens e serviços, aquele que não produz “mais” ou passa a consumir “menos”... vai se transformando em um “fardo”, algo que precisa ser “carregado” (pelo Estado, pela família e, principalmente, por si próprio – uma vez que passamos a acreditar que, socialmente, já não somos mais “tão úteis”). A palavra de ordem é: vamos, então, “ampliar” ao máximo a nossa juventude! E recursos não faltam. À medida que aumenta a expectativa de vida, maior é a oferta de remédios, cosméticos, tratamentos estéticos etc. Ora, não basta ficar vivo por mais tempo, é preciso ter saúde. Porém não basta ter saúde, é preciso parecer jovem, produtivo, útil. Enfim, o sujeito não pode se entregar, nem se tornar um peso morto (seja para quem for). Ser belo, ter músculos definidos, sorriso impecável e parecer jovem (aos 40, 50, 60 anos...) significa que aquela pessoa sabe se cuidar, tem autocontrole, é, sim, uma vencedora. Em outras palavras (para ser mais realista): o infeliz ainda presta para alguma coisa. E assim, a indústria da “saúde”, grande beneficiada com essa corrida desatinada contra o Tempo, contabiliza lucros astronômicos. Mas a verdade é que se ilude aquele que acredita que pode enganar o Tempo. Lamento, mas... não engana, não! Acaba se transformando em escravo de uma falsa imagem de juventude, uma caricatura de si próprio, mais um fantoche manipulado pelo sistema (pelas políticas públicas do biopoder).

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