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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quem avisa, amigo é!


Vamos lá, tentando explicar mais uma vez aos insistentes de plantão:

Nunca fui filho, irmão, tio, primo ou amigo muito presente. Não sou de fazer nem de receber visitas demoradas. Não que eu não goste da companhia das pessoas que amo, mas, para ser franco, não sinto necessidade de estar fisicamente próximo. Nem na minha cama deixo alguém ficar mais que o necessário. Dormir junto, está fora de cogitação! Tá bom, meu cachorro pode. Mas cada um com o seu lençol.

Mantenho meus afetos à distância para preservá-los (de mim, principalmente). Mas é óbvio que sou taxado de esquisito, um cara cheio de manias, neurótico, antissocial, possuído pelo capeta, herege, enfim, costumo receber todos esses rótulos que as pessoas inventam na vã tentativa de classificar o inclassificável.

Meus pais eu vejo de quatro em quatro anos (por viverem longe, até mais); sobrinhos, uma vez na infância e outra já na fase adulta; primos, nas redes sociais; amigos que estão na mesma cidade, uma vez por ano, quando dá – todos trabalham muito e têm suas vidas para cuidar. De uns tempos pra cá, é cada vez mais frequente nos encontrarmos no velório de um ou de outro. Com a idade avançando, isso, além de inevitável e necessário, passa a ser corriqueiro. Refiro-me à morte, claro. E por aí vai... Mas não deixo de buscar notícias, torcer para que estejam bem, com saúde e felizes. E não vejo nada de abominável nisso de não ser tão aparecido. Pelo contrário, é uma forma de respeito. Se alguém precisar de algo, estarei ali, pronto para o que for – e sem fazer perguntas e/ou cobranças. Voltarei para o meu casulo depois. Porém nunca, nunca sumirei completamente.

Outra coisa que as pessoas costumam me cobrar é o fato de eu não gostar de sentar para falar de livros, literatura, cinema, teatro, arte em geral. Bem, não gosto mesmo. Fico entediado. Não sou fã de nenhum artista nem de obra alguma (não por mais de cinco minutos). Não possuo a grandeza do público, sou mero criador. Talvez seja um defeito, but... Como se diz: “Que atire a primeira pedra quem for perfeito”. Trabalho com textos, conto histórias, mas isso não é tudo em minha vida. Há outras coisas em meu cotidiano que também me dão alegria e até conseguem me transformar bem mais; nem por isso saio por aí propagando pelos quatro cantos que isto me deixa mais feliz do que aquilo... Sim, felicidade é algo muito particular e intransferível. Gosto, idem. Cada um com o seu e pronto.  

Definitivamente, detesto imposições sociais, que, em minha opinião, servem apenas para uniformizar/manipular as pessoas. Respeito o conhecimento, mas não acredito em moldes/modelos. Como já foi dito por alguém, “viver é contrariar”! Pois é, concordo... 

Quando morrer, talvez eu mude de ideia. Se acontecer mesmo, isto é, se eu mudar de ideia, volto pra contar. Prometo! Vou adorar aparecer, no meio da noite, para os chatos que pegaram tanto no meu pé – alguns querendo receitar orações, banhos de ervas, deuses, versículos, macumba, divãs, pílulas, choques, ebó, regressões, até exorcismos! Xô! Vão cuidar da vida! Se não têm vida própria, tratem de arranjar uma! Mas me deixem quieto no meu canto! Tô avisando, hein! Ai, ai, ai! Depois não reclamem!

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