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domingo, 2 de novembro de 2014

Sistema de castas não assumido - 2



FaSCisbook bombando!!!! 

Bem, sempre há o lado bom de tudo: a partir de agora, conheceremos melhor as pessoas, isto é, sem as máscaras. 

Há muito sorrisinho nos lábios, mas, em uma das mãos, o afago; no outro, a adaga. 

Eta paizinho reacionário, recalcado e medieval! Muitos que vão à Europa, EUA etc., e voltam elogiando isso e aquilo do tal "mundo civilizado", são os mesmos que, nas redes sociais, defendem o retorno a um passado nebuloso, perverso e de privilégios apenas para uma pequena parcela da população. 

Bem, diante de tantos absurdos que tenho lido ultimamente, compartilho aqui o que ouvi ontem de alguém que respeito muito (por ser uma pessoa autêntica e justa): 

"Vocês vieram aqui para pedir coisas, até mesmo falar com Deus, não é mesmo? Me digam, então, o que têm feito pelos moradores de rua? Já deram, ao menos, um guaraná, um sanduíche, uma mísera bala, um sorriso...? Nada! Ninguém levanta a mão, não? Ah, o que querem se atrever a pedir se não dão nada a ninguém que, realmente, precisa? Deus tem mais o que fazer, ora! Não tem tempo a perder com gente hipócrita e interesseira! Podem levantar e ir embora daqui."


domingo, 26 de outubro de 2014

Sistema de castas não assumido



Um importante passo (para o nosso autoconhecimento) seria assumir de uma vez por todas que o Brasil é, sim, machista, conservador, misógino e possui uma sociedade que insiste (por não saber como viver fora da sua zona de conforto) na separação de "castas" (não apenas, mas também por questões históricas, hereditárias, políticas e religiosas). Mulheres bem-sucedidas, independentes etc. e outras minorias ainda representam, para muitos, uma  ameaça "à ordem, à família e aos bons costumes". Deverão permanecer, portanto, na "casta" dos párias (intocáveis ou dalits, como na Índia). Qualquer provável/possível/inesperada ascensão de um "intocável" causa repulsa/inveja/indignação, e os das castas superiores (de vários tipos) se unem para, no mínimo, tentar neutralizar os "efeitos nocivos desse mau exemplo para outros dalits": não, numa sociedade de "castas", as separações precisam ser mantidas a qualquer custo! Um "intocável" deve permanecer à distância do "mundo dos sãos". 

Creio que uma reflexão sobre isso é bem-vinda no atual contexto, no qual "fúrias acumuladas" arrancam velhas cascas e deixam nossas feridas sociais novamente expostas. Sangrando.



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Lançamento de "Relicário" (e-book)

Ana Fadigas, Sérgio Miguez, Ferdinando Martins e Rodrigo de Araújo, amigos e editores, este não deixa de ser um registro dos anos que trabalhamos juntos na "G Magazine". Fizemos a nossa parte. Recém-lançado, o e-book de “Relicário” (Edições GLS, 2014) já está disponível em importantes livrarias (ver links abaixo). Minha editora na Summus, Soraia Bini Cury, não vai gostar que eu diga que a versão em papel é mais charmosa (ainda), por contar com a belíssima arte de Gabrielly Silva, com ilustrações nada óbvias... Mas ela sabe que estou feliz e grato com essa nova possibilidade de divulgar a obra. Em qualquer parte do planeta, estará disponível. O preço? Bem mais interessante. Livros digitais têm essa vantagem, e claro que ainda vão evoluir muito em termos estéticos. Obrigado a todos! Valeu!

Amazon:
http://www.amazon.com.br/Relicário-Felipe-Greco-ebook/dp/B00LLJAT5U/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1406736718&sr=8-1&keywords=relicário

Google Play:
https://play.google.com/store/books/details/Felipe_Greco_RELICÁRIO?id=dS_yAwAAQBAJ&hl=pt_BR

Cultura:
http://pesquisa.livrariacultura.com.br/busca.php?q=Felipe+Greco&common_filter%5BTipo+de+produto%5D=Ebooks

sábado, 21 de junho de 2014

Valeu, Rose!

Em 1985, com 17 para 18 anos, eu havia chegado do Sul... e logo consegui emprego na Editora Vozes (de São Paulo), como divulgador. A editora (Rose Marie Muraro) era uma mulher visionária, corajosa e com uma inteligência ímpar. Naquele tempo, fui iniciado (por ela e pelos meus companheiros de equipe) no mundo dos "grandes" (Freud, Jung, Guattari, Genet, Foulcault, Rimbaud etc.). Eu era um menino no meio de gigantes. E, por isso mesmo, acho que fiz a Rose gargalhar muitas vezes com os meus ímpetos e destemperos de adolescente cheio de sonhos mirabolantes. 

De braços dados, cruzávamos a Paulista e íamos até o Conjunto Nacional tomar café e comprar passagens aéreas em uma agência da saudosa Varig. Ela ia e voltava do Rio quase toda semana. Conversávamos muito sobre livros, autores... 

Um dia, ela, mais desatinada que eu, esbravejou: 

"Porra, cara, se acha que pode escrever, por que não vai lá e manda bala? Vontade a gente tem pra realizar coisas. Desejo trancado não serve pra nada, vira frustração, rancor, doença." 

Morrendo de vergonha, mostrei a ela alguns poemas. 

"Vamos publicar esta merda!", ela disse. 

Publicamos. Rose escreveu um texto para a quarta capa. No final dele, exclamava: "Valeu, Felipe". 

Sim, era uma porcaria de livro, mas um começo. Sem um pontapé inicial... nada vai adiante. E ela (guerreira não tem medo de arriscar) deu esse chute numa vontade que já havia nascido comigo. 

Hoje, essa mulher lutadora, agnóstica (arrisco, mas dizia ser ateia) e intelectual admirável (que, de tão teimosa, apesar de ter nascido praticamente cega, resolveu ser escritora e editora de ponta)... partiu. Mas não foi o câncer que a levou, como divulgaram por aí. Dona do corpo e do próprio destino, havia cumprido sua missão. Estava pronta para outros desafios. Deixou, então, a morte trabalhar.

Não estou triste. Não fico triste com a morte de quem veio e fez história. Abriu caminhos. Andou sem medo. Inteiro.

Valeu, Rose!



quinta-feira, 12 de junho de 2014

Divão no fascisbook - (quase 3, sessão de emergência)






Ontem, de repente, durante um dos meus sagrados momentos de tédio absoluto, ouvi essa:

— Sabia que amanhã é dia dos namorados?
— Hein?
— Ouviu o que eu disse?
— Antes ou agora?
— Tanto faz.
— Bom, estava distraído, acho...
— Eu disse: "amanhã é dia dos namorados, sabia?"
— É? E daí?
— O que você gostaria de ganhar de presente?
— De quem?
— De mim, ora.
— Distância.

Tem gente que me faz cada pergunta, doutor. Por deboche, só pode ser.


terça-feira, 10 de junho de 2014

Divã no fascisbook 2


Não, doutor, não sou inseguro, mas exigente. Isso, às vezes (ou sempre), é um fardo pesado (para os outros e também para mim). Veja só: quando eu tinha 10 ou 11 anos, minha mãe desistiu de me dar presentes de Natal, aniversário, o que fosse. Não que ela tivesse um gosto, digamos, "muito particular" para escolher os presentes para o caçula da casa, mas, infelizmente, não dava uma dentro, nunca. Daí, achou melhor economizar, e passei a receber dinheiro em vez de presentes. Na verdade, acho que ela queria mesmo era desistir de ser minha mãe, porém decidiu me dar dinheiro. Afinal, já era um pouquinho tarde para me abortar, né? 
Mais adiante, apenas para dar um exemplo desta minha obstinação pelo melhor resultado (e a querida amiga Adriana Chagas testemunhou isso), quando ainda era preciso tirar e levar fotos 3x4 para a carteira de identidade, cheguei a ir a 10 fotógrafos diferentes (em São Paulo e Santos) para poder escolher a foto menos “assustadora”. 
Imagine, então, o "parto a fórceps" que costuma acontecer quando estou escrevendo algo meu... Pois é, a produção do roteiro e dos quadrinhos de Dom Casmurro levou seis anos... E o romance que escrevo agora já recebeu tantas "marteladas" (quatro anos de carpintaria de texto), que já nem sei mais se o original sobreviverá por muito tempo. Bom, se não sobreviver, é porque já nasceu meio morto, certo? E "la nave va"... 
Não, doutor, não me olhe assim. Não, não é que eu não goste do jeito que o senhor me olha... Mas a sua cara, talvez o senhor pudesse dar um jeito de melhorar o corte de cabelo, pôr um aparelho nos dentes, mudar de óculos, de corpo, de encarnação... Enfim, quanto lhe devo? Vou procurar outro psiquiatra; o senhor, lamentavelmente, não serve para escutar as minhas memórias. Puxa vida, tá ficando difícil de ser louco, viu?


terça-feira, 20 de maio de 2014

Divã no fascisbook


Caro doutor, meu problema de "desencanto progressivo" talvez venha dessa minha incapacidade de ser fã de artistas, não gostar de colecionar coisas ou por ter os pés excessivamente no chão (embora, de vez em quando, eu seja ficcionista para ganhar alguns trocos). Começou lá atrás, bem cedo. Um dia, lembro que meus pais, no início de um dos muitos arranca-rabos que tínhamos durante as refeições, reclamaram:
— Não sabemos mais o que fazer contigo, guri, vive contestando tudo.
— Nem sempre, pai.
— Mesmo de bico fechado, já é um jeito de nos afrontar.
— Aí, já é implicância comigo, né?
— Implicância? Até da catequese já te mandaram embora. "Não acredita em Deus!", disse a pobre freira, traumatizada com a tua boca suja.
Tentei me defender: 
— Mas não é verdade, mãe.
— Então é mentira dela? — minha mãe voltava a ter uma ponta de esperança na “salvação da minha alma”.
— Também não — admiti.  
O pai (cerveja já pela metade no copo, cada um com seus “escudos” para me enfrentar) vociferou: 
— Acredita ou não acredita?
— Na freira?
— Não te faz de bobo, guri! Em Deus, acredita ou não?
— Tem dias que sim, pai, mas não é sempre.
A mãe levou as mãos à cabeça (para ela, acho que gritar pela santa era como beber cerveja): 
— AVE MARIA! — clamou.
— Nem em nós ele acredita! — acrescentou meu velho.
— Me esforço, pai, mas não é fácil.
— Devias ver tua mãe e eu como heróis!
— Hein?
— Não somos heróis para vc? — insistiu o pai. 
— Pode falar —, disse a mãe. — Já estamos acostumados com as tuas esquisitices.
Silêncio. Pai e mãe trocaram olhares apreensivos até eu voltar a abrir a boca:
— Vocês têm capas e voam, por acaso?
— Não tenho capa, nem voo — explodiu a mãe, tinha e ainda tem o pavio mais curto que o meu —, mas meto a mão na tua cara se continuar falando desse jeito.
— Bom, então a pergunta já tá respondida, certo?
Assunto encerrado. Eu devia ter 7 ou 8 anos, não mais que isso. Dos heróis, tudo bem, eu só queria provocar meus velhos, como sempre fazia quando tentavam me pôr na berlinda. Porém, da freira... Veja bem, ela me chamou de ateu e me convidou a não ir mais às aulas de catequese... mas fez isso para não ter que contar aos meus pais que eu havia feito uma aposta com meus colegas, afirmando que freiras não se raspavam. E que elas, de tão compridos os pelos, além de não poder usar calcinhas, tinham que trançar as longas madeixas pubianas para amarrá-las em volta das coxas. Pareciam trepadeiras felpudas no meio das pernas das religiosas, que, às vezes, caminhavam soltando gritinhos... Daí, uma tarde, ela, a que nos dava aula, flagrou um de nós com o espelho de bolso preso na ponta de uma antena de carro. Pisou nele: acabou com o nosso “periscópio", para manter o mistério sob o hábito.  
Será que o meu caso é grave, doutor?



(Para Jean Wyllys, Klecius Borges e Sérgio Miguez.)



quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dia do autor guerreiro



23 de abril: dia de São Jorge!

23 de abril de 1616: Miguel de Cervantes morreu nessa data (Shakespeare, também). E, em 1995, a Unesco instituiu o “Dia Mundial do Livro e Direito do Autor".

Nada mais apropriado: o santo abre caminho para que Dom Quixote possa enfrentar seus dragões diários (imaginários ou não).

Hoje, cada vez mais quixotescos, nós, os contadores de histórias, seguimos em frente, desbravando caminhos obscuros. Mas, infelizmente, sem poder contar com a retaguarda de um amigo leal, como Sancho Pança. Sozinhos. Sempre.

Salve, São Jorge! Salve, Cervantes! Salvem-nos!


terça-feira, 22 de abril de 2014

Xô, capeta!



Ontem de manhã, indo para a Paulista, deparamos com uma cena, no mínimo, dantesca. Na avenida Europa, conhecida região de revendedoras de carros de luxo, havia um homem com um cesto na mão, sendo filmado por uma mulher. Não dava para ver o que tinha no interior do cesto, nomes escritos em papéis, talvez. Mas o que ele falava era mais ou menos isso:

“Estamos aqui, na frente desta vitrine da Ferrari, minha irmã e meu irmão, porque o nosso Deus do impossível quer o melhor pra você e sua família. Não é um Deus de miséria, não. É um Deus de muita fartura e blablablá.”

Por pouco não desci o vidro para perguntar:

“Por favor, o senhor poderia me dizer onde fica a Oscar Freire, rua famosa em que Jesus comprou aquela túnica Prada e a coroa de ouro maciço, crivada de diamantes da Tiffany?”

Mas é claro que não ia ser uma boa ideia; ele certamente viria com a Bíblia em punho para exorcizar o “herege” que se atreveu a “insultar” o Filho de Deus.

Ah, me poupe!



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Somos corruptos, mas de “boa” índole

Infelizmente, não é raro receber solicitações de exemplares. Em cortesia, claro. Tanto de livros meus quanto de autores da editora. E grande parte dos pedidos vem de educadores. Como se fosse um produto barato (em termos de produção) e com grandes “sobras” para distribuição gratuita de livros impressos.

Quanto ao formato digital, em breve (e aos poucos), minha editora começará a transformar boa parte do catálogo em e-books. Já contatamos alguns autores, nem todos aceitaram o “desafio”. Sim, desafio, porque há um grande risco de as obras irem parar na internet, sem controle de download. Embora os distribuidores e as plataformas importantes utilizem o DRM (um dispositivo Adobe para controlar cópias piratas, impressão de conteúdo, vendas etc.), um professor-autor alertou que isso não é o bastante para proteger a obra. De fato, na própria internet há vários sites que oferecem programas gratuitos para “quebrar DRM”.

Claro que o problema de pirataria sempre existiu e existirá, já que é mais por uma questão de índole do que “por culpa do custo elevado” de determinados produtos. Já tive, por exemplo, um  professor universitário que disponibilizou sua obra na famosa “pastinha de xérox”... para que os alunos a copiassem à vontade.

“Mas, professor, é a sua própria obra!”, reclamei (detalhe: eu era o editor daquele livro, tbém estava sendo prejudicado com aquela pirataria).

A resposta dada pelo autor foi: “Fazer o quê, se eles vão copiar de qualquer jeito? Pelo menos, que seja do meu exemplar”.

Hoje, com os avanços da informática, xérox já é quase coisa do passado. Tudo é virtual, rápido e, de preferência, sem custo.

Diferente do que acontece nas escolas (onde os alunos são obrigados a adquirir uma pilha de livros e/ou o governo fornece por meio de programas do MEC), nas universidades, copiar obras é uma prática “tradicional”. Professores (autores ou não) fazem vistas grossas à Lei de Direitos Autorais, porque, na prática, não podem evitar esse tipo de atitude. Até os próprios educadores copiam obras sem autorização, conforme reza a lei.

Lei?

Que lei?

Ora, quase ninguém conhece a Lei de Direitos Autorais. (Aliás, devia ser ensinada nas escolas e universidades.)

Daí, é aquela eterna bola de neve: “livro é caro demais, porque é pirateado. E é pirateado, porque é caro demais”.

Mas é caro mesmo (mais que a bebedeira nos botecos às sextas-feiras em torno das faculdades)? No caso de versões digitalizadas, os preços caem em torno de 30% (até mais). No entanto, continuam sendo pirateadas. É preço ou descaso, exatamente, com o que se está buscando nas academias: conhecimento? Conhecimento é algo sem importância, que merece ser “saqueado”? E os autores, os editores, todo o investimento feito para que aquela obra chegasse às mãos do consumidor final, nada disso teve um custo, foi tudo de graça? E mais: aquele autor (cantor, ator, diretor, escultor, pintor etc.) do qual somos fãs, mas tão fãs, que vamos roubar o seu ganha-pão, pirateando suas obras maravilhosas, que mudaram nossas vidas! Puxa, troquemos rápido, então, de ídolos; não mudamos para melhor, não! Continuamos mesquinhos!

Definitivamente, não consigo entender essa lógica... Se gosto e/ou preciso de algo, faço questão de pagar por aquilo. Comprar uma cópia barata é o mesmo que passar um recibo de incapacidade de conseguir algo superior. Se meu bolso anda meio vazio e não posso comprar o “produto novo”, garimpo sebos e/ou bibliotecas públicas. No limite, peço emprestado a alguém. É o mínimo. É uma questão de respeito ao autor/artista.

E o que mais me deixa abismado é saber que muitos “piratas” têm saído às ruas para reivindicar por um país (até um planeta) livre de corrupção.

Por acaso, corrupção (no sentido mais amplo da palavra) é só a “dos outros”?

sábado, 8 de março de 2014

Que dia é hoje?

Meu dia começou meio tumultuado... 

Nunca fui bom com datas, nunca. Se ninguém me cumprimentar, não sei nem mesmo que estou de aniversário, no Natal, nessa ou naquela outra data. É verdade! Quem me conhece, sabe que sou desse jeito desde sempre (ao longo da minha trajetória, amigas sempre cuidaram de carnês, títulos, consultas, tudo que tivesse prazos/datas). 

E olhem que procuro me "localizar" no tempo. Por exemplo: só utilizo calendários com "aquele quadradinho"... Mas não é raro esquecer de mudar o tal marcador. Daí, posso passar séculos achando que ainda é o mesmo dia. 

E hoje, vi na tevê que era dia não-sei-o-que-das-mulheres. Daí, me arrisquei a cumprimentá-las no Facebook. 

Porém coloquei como 1º de maio. 

E lá vieram elas (mulheres gostam de controlar datas): 

"Mas não é maio!" 

Ok, alterei para março. Mas não era só isso, era/é outro dia. Fui, então, pedir socorro ao calendário, e piorou: nele, aparecia "1/8". 

Bem, o jeito foi colocar um e o outro também nos meus cumprimentos. Resolvido.


quinta-feira, 6 de março de 2014

O nome dela é GAL!

Rogério Tavares e eu acabamos de assistir a um show inesquecível da Gal Costa, no Sesc Pinheiros. Perdi a conta de quantas músicas ela cantou. A plateia saiu boquiaberta com a voz impecável dessa mulher iluminada. Repertório com pé lá, cá e mais além: passado, presente e futuro. Músicas que não "cabem" mais na seleção das rádios, nem da mídia em geral.
 

No entanto, logo depois, veio o balde de água fria... 

Vindo para casa, por volta da meia-noite, paramos em um posto para reabastecer o carro, e aproveitamos para comprar alguns produtos na loja de conveniência. Ainda enfeitiçado com o canto da sereia, tentei travar uma conversa com a mocinha do caixa:
 

"Acabamos de sair de um show maravilhoso da Gal..."
 

"Quem?", cortou a moça, confusa.
 

"Gal, Gal Costa."
 

Ela sacudiu a cabeça e torceu o nariz para revelar sem o menor constrangimento:
 

"Nunca ouvi falar."
 

"Tá bincando..."
 

"Não mesmo. Quem é?"
 

"Só falta você me dizer que é da Bahia e não sabe quem é a Gal", arrisquei.
 

"Sou, sim, por quê?"
 

"Por nada, não".
 

Paguei e saí perplexo, com vontade tacar o saco de pão na cara dela. 

Situações como essas me fazem perder o tesão de continuar escrevendo. Como já dizia minha mãe (lá nos "meus inícios"): "Escrever neste país, filho, pra quem?" E ela estava coberta de razão. Mas, como é da natureza dos pais ver mais adiante e alertar, a dos filhos é contrariar. Contrariei. Contrario até hoje.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Nome na boca do anjo



(Pequeno trecho de um novo conto...)


Durante uma consulta pediátrica de rotina, Moréia Karen explicava à comadre o nome dado ao seu recém-nascido:


“Sabe, depois que o Jacleylson me largou com mais este no bucho, eu andava agoniada com essa coisa de escolher nome. Barriga crescendo, e nada. Daí, quando eu já entrava na semana do parto, veio o médico. E ele falou que não era nada de mais aquela acidez no estômago que não me deixava dormir. ‘É do refluxo’, disse. Pronto, foi um anjo que falou pela boca daquele homem: ‘Reflucson’. Nome de gente importante, né, Jadylce? E eu quis com um esse só, pra ficar mais chique.”


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Andando para trás



Em 2009/2010, graças a um Prêmio de Interações Estéticas que recebi da Funarte, pude dar um grande passo para finalizar minha trilogia "Subterrâneos", iniciada em 2001, com o livro "Caçadores noturnos".


De dezembro a fevereiro, me reuni na sede do Grupo Diversidade Niteroi (GDN) com Pessoas (“P” maiúsculo, mesmo!) que me receberam de braços abertos (carinho e respeito que poucas vezes tive em toda a vida). Lá, eu que vivo enclausurado na minha "ostra" de ficcionista, aprendi a acreditar que era possível, sim, unir forças em torno de um ideal. E o trabalho desse pessoal na ONG é de "formiguinha"; cada dia, um grão... Cada um traz o que pode. Mas juntos, podem MUITO! Tanto que começam a incomodar heterossexuais (será que são mesmo heterossexuais?) homofóbicos. Na calada da noite passada, fizeram "anonimamente" esse estrago na ONG. Documentos desapareceram, equipamentos foram destroçados, frases homofóbicas foram pichadas nas paredes... Enfim, as fotos dizem tudo. 
  


Aqui, vale lembrar a frase de João Silvério Trevisan em "Devassos no paraíso" (não canso de repetir):


"A verdade é que a civilização sempre precisou de reservatórios negativos que possam funcionar como bodes expiatórios nos momentos de crise e mal-estar, quando então, por um mecanismo de projeção, ela ataca esses bolsões tacitamente tolerados."


Pois é... Já foram perseguidos cristãos, judeus, muçulmanos, protestantes, negros, gays, feministas... O DIFERENTE, quando a sociedade sente medo de sair de sua zona de conforto, passa a ser o CULPADO de todas as “mazelas” (ex.: passeatas de ultradireita com propostas fascistas voltaram a ocupar as ruas da Europa e de outras partes do planeta, incluindo aqui, “entre palmeiras e abacaxis”, como escreveu o saudoso Caio Fernando Abreu).


Claro que o ideal é que não precisássemos de leis para isso ou aquilo, bastaria EDUCAÇÃO BÁSICA , e pronto. Mas, de algumas décadas para cá, foi preciso criar leis para proteger negros, mulheres e crianças... Só para "lembrar" aos ignorantes que é proibido SER TROGLODITA. Já havia/há leis na Constituição para homicídios e agressões em geral, mas...  Vejam, até para evitar que alguém quebre a cabeça no volante durante um acidente, foi  fundamental que se criasse uma lei para mexer no bolso dos “esquecidinhos”. E precisava de lei para dizer a alguém: "oh, filhinho, vê se não se mata, tá"?
 
Sinceramente, quanto mais alguns acham que a raça humana evoluiu tanto, mas taaaaanto, que logo será capaz de conquistar novas galáxias, o mundo... Pergunto: pra quê? Para levarmos pelo espaço nossas “boas” e velhas CAVERNAS? Ou já saímos da Idade de Pedra? Quando foi mesmo? Não fiquei sabendo...