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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Paz na(s) guerra(s)




Hoje, indo a pé na direção da avenida Giovanni Gronchi, fiquei a alguns passos de distância de dois garotinhos (aparentemente, vendedores de balas e malabaristas de semáforo). Lá pelas tantas, enquanto aguardávamos para cruzar a rua, eles discutiram sobre guerra e futebol:

“Guerra tinha que ser assim: eles deviam ajudar quem precisa. O mundo tá cheio de gente precisando de tudo. Daí, quem conseguisse ajudar mais, pronto: vencia a guerra.”

Ao que o outro logo emendou:

“Com torcida de futebol, também. Em vez de quebrar tudo, por que eles não se juntam para ir por aí, dando comida e remédio? Quem fizesse mais [pelos outros], podia ganhar uns pontinhos pro time...”

Palavras de quem, historicamente, não tem voz (nem vez). 

Aquilo me comoveu à beça. Senti vontade de abraçar e beijar os dois, mas, nestes tempos de fascismo(s) e fúria(s), talvez alguém que estivesse passando por ali me denunciasse por crime de “abuso” contra menores. O jeito, então, foi me limitar a piscar e fazer sinal de positivo para eles. Mesmo assim, tomara que ninguém tenha fotografado/filmado; hoje, tudo que você fizer, por melhor e mais bem-intencionado que seja, dependendo de quem estiver do outro lado da lente, pode ser interpretado como "imoral", "pecado" e/ou "aberração".