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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Eu, por aí, curtindo a minha solidão...

Quando digo: "quero ficar sozinho"... não estou triste... apenas desejando: "ficar sozinho". É simples. Ao menos para mim, não há nada de estranho em querer ficar sozinho. Mas existe uma imposição social, uma desconfiança quando você afirma que, de vez em quando, sente necessidade de estar sozinho. Quem me conhece desde pequeno sabe que sou um sujeito assim, meio antissocial, aquele que não aparece sempre nas fotos dos aniversários, nem nas ceias de Natal, nas comemorações de Ano Novo... Não é que não goste de estar com os meus amados, mas acho péssimo ser invasivo, impor afetos, cobrar atenção, declarações, visitas etc., etc., etc. Para não cometer tais indelicadezas, fico na minha.

E mais... Quando entro em "trabalho de parto" para uma nova obra, fico arredio, introspectivo, atento somente ao rebento. Há gozos, mas também dores no processo, não tem como compartilhar isso. Escrever é parir sozinho. Às vezes, à fórceps. Principalmente, quando aquele novo filho passou da hora de nascer. Acontece, fazer o quê? 

Enfim... Sei que é difícil conviver com uma pessoa que admite que se sente bem com ela mesma. Isso não deixa de ser uma contravenção num mundo que exige coletividades, um deboche aos que não conseguem ficar sozinhos, uma afronta aos ilusoriamente agrupados... Sim, porque, nas minhas andanças por aí, vejo tanta solidão (a verdadeira e devastadora) nas turmas de amigos, nos casais, nas famílias, nas baladas... Ora, e vem alguém e me critica: "Como você pode gostar de ficar sozinho? Isso é doença, só pode ser? Precisa de tratamento..."

Bem... Ontem, lendo mais um livro do Reinaldo Moraes, a nova edição do romance "Tanto faz", encontrei este parágrafo que resume um pouco o que penso sobre essa "estranheza" que a minha solidão causa nas pessoas:

"A França, quietinha lá fora. Francês segura melhor a barra da solidão. O solitário no Brasil é tratado socialmente como tuberculoso e se sente pessoalmente como um leproso. Brasileiro só acata a solidão na privada e no caixão. E, às vezes, nem no caixão: quantos não caem na vala comum?"

Mais não digo...



Um comentário:

  1. A solidão alimenta a alma.
    Achei bárbaro o excerto, de Moraes, no final. No silêncio de minha leitura percebi o tímido traço do meu riso. rs

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