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terça-feira, 1 de março de 2016

Nosso "mea-culpa"




Meu pai era bastante criticado por ajudar nas "coisas da casa" (ou, como diziam os "machões" de plantão: fazer "trabalho de mulher"): varrer, limpar banheiros, passar roupa, arrumar a cama, mandar suas camisas e calças para a lavanderia, pôr outras roupas na máquina, estendê-las no varal, recolher tudo aquilo, cuidar da horta e cozinhar (até hoje não comi um "arroz de carreteiro" melhor que o dele, feito na panela de ferro).

Cresci, sim, como me diziam em tom de gozação na escola, "numa casa invertida". Minha mãe era dona de salão de beleza e de loja, viajava muito. A bagunça da casa era por conta do pai. Quando ela viajava, víamos filmes até de madrugada na cama de casal... e, no dia seguinte, ele fazia o chimarrão e o melhor leite com Nescau do mundo. Ficava ali, sentado na minha cama, cuia de chimarrão em uma das mãos, mamadeira na outra. Sim, tinha mais essa "exigência": eu só tomava todo o leite, se ele segurasse a minha mamadeira. Só larguei a mamadeira quando comecei a estudar de manhã, lá pelos 8 ou 9 anos. Depois tive que usar aparelho nos dentes por mais de uma década, mas isso é só um detalhe insignificante... 

Digo hoje pra mim mesmo: "Puxa, que bom que meu pai andava na contramão de uma porrada de idiotices". Preconceito, foi uma das coisas que ele mais me mostrou que era uma furada, comportamento de gente tacanha. Futebol, ele não era fanático nem pelos jogos da Copa. Time, acho que nunca teve. Se teve/tem, não me lembro de tê-lo visto acompanhando algum campeonato ou jogo.


Com 17 anos, saí de casa sem medo de enfrentar a vida sozinho, pois já tinha aprendido com os dois (pai e mãe) a fazer de tudo (inclusive, bainha de calça com ponto pé-de-galinha. Duvidam? Perguntem a quem já me pediu para fazer tais "serviços". Não deixo um ponto aparecendo do outro lado do tecido. Se aparecer, arranco a linha... começo tudo de novo. rsrsrs!)  


E hoje vejo tantas famílias, em nome do tal amor incondicional, caindo na mesma armadilha machista de gerações anteriores, criando filhos extremamente dependentes e folgados... Mães que se desdobram para dar conta de tudo, maridos omissos (por conveniência, incompetência ou falta de pulso, sei lá)... 


Vamos ver no que vai dar tudo isso.  


Tomara que alguns caras bobalhões façam o "mea-culpa" que esse tiozinho do comercial de sabão em pó fez.  


Tomara! Ainda dá tempo!





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