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domingo, 12 de março de 2017

Crescer ou não crescer, eis a questão



Há uma fase na qual nos afastamos das pessoas (familiares, amigos de infância etc.) para moldar melhor a nossa personalidade, aprender a andar com as próprias pernas. E mais adiante vamos nos aproximando outra vez daqueles queridos (e agora já meio estranhos). Daí, entre os héteros, encontramos de vez em quando os que pararam no tempo. E também não é raro nos depararmos, entre os homossexuais, com os que (numa visão/linguagem junguiana) têm maior identificação com o “puer aeternus” (nem sei pronunciar direito, mas são “jovens eternos” e, em geral, “muito dependentes da figura materna”). É aquela pessoa que, décadas depois, insiste em falar dos mesmos assuntos, guardar sonhos quase infantis e que ainda não conseguiu sair (física e/ou psicologicamente) do primeiro ninho. Mesmo sem terem nas mãos as rédeas do próprio destino, costumam ser arrogantes e bastante críticos. Enfim, não conseguiram fazer o rito de passagem para a vida adulta. Trocando algumas palavras com eles, percebe-se que, apesar do discurso de liberdade sexual, afetiva etc., sentem falta de ter uma companhia mais duradoura. Desdenham dos “casados”, mas, no fundo, gostariam de encontrar a tal “cara-metade”. Ora, não existe isso de alma gêmea, é balela de crença, literatura, filme, telenovela, medo de encarar a realidade. O que há de fato numa relação a dois é um contínuo exercício de concessões e “adestramento” do ego. Afinidades "lapidadas" com o passar dos anos e diferenças "amansadas/negociadas" na estiva do dia a dia. Aprendi isso (ou mais ou menos isso) com meu amigo escritor/terapeuta Klecius Borges. E também com o tempo, lógico.



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