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quinta-feira, 16 de março de 2017

Tempo de despedidas (2)



Indo aos Correios, eu passava por um caminhão no qual um tiozinho vendia frutas. Sempre o cumprimentava, apertando-lhe a mão ou batendo no seu ombro. Em dias muito quentes, ele me dizia: 

“Amigo, cadê o chapéu? Tem que proteger bem a cabeça.” 

E ele recomendava isso sem saber dos meus aneurismas clipados. Era coisa de gente mais velha, que simplesmente vai soltando o que o coração quer dizer, sem medo.

Bem... Voltando das férias, passei uma, duas vezes por lá... e nada de vê-lo no caminhão. Agora havia um rapaz ali. 

Ontem, parei e perguntei:

“Moço, e o tiozinho das frutas, ele tá bem?”

“Pois é, o seu Sílvio morreu. Foi na véspera do Ano Novo. Tinha 73 anos e fumava muito...”

Aquilo me deu um nó na garganta. Estamos na fase das despedidas, é natural que fiquemos mais sensíveis e apegados às pessoas – conhecidas ou não. Ele era um estranho, sim. Nem o nome dele eu sabia. Mas fazia parte das minhas andanças – e agora das minhas memórias. 

Vá em paz, seu Sílvio! Vou usar mais o chapéu e o boné! Obrigado!


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