Rogério Tavares e eu acabamos de assistir a um show inesquecível da Gal Costa, no Sesc Pinheiros. Perdi a conta de quantas músicas ela cantou. A plateia saiu boquiaberta com a voz impecável dessa mulher iluminada. Repertório com pé lá, cá e mais além: passado, presente e futuro. Músicas que não "cabem" mais na seleção das rádios, nem da mídia em geral.
No entanto, logo depois, veio o balde de água fria...
Vindo para casa, por volta da meia-noite, paramos em um posto para reabastecer o carro, e aproveitamos para comprar alguns produtos na loja de conveniência. Ainda enfeitiçado com o canto da sereia, tentei travar uma conversa com a mocinha do caixa:
"Acabamos de sair de um show maravilhoso da Gal..."
"Quem?", cortou a moça, confusa.
"Gal, Gal Costa."
Ela sacudiu a cabeça e torceu o nariz para revelar sem o menor constrangimento:
"Nunca ouvi falar."
"Tá bincando..."
"Não mesmo. Quem é?"
"Só falta você me dizer que é da Bahia e não sabe quem é a Gal", arrisquei.
"Sou, sim, por quê?"
"Por nada, não".
Paguei e saí perplexo, com vontade tacar o saco de pão na cara dela.
Situações como essas me fazem perder o tesão de continuar escrevendo. Como já dizia minha mãe (lá nos "meus inícios"): "Escrever neste país, filho, pra quem?" E ela estava coberta de razão. Mas, como é da natureza dos pais ver mais adiante e alertar, a dos filhos é contrariar. Contrariei. Contrario até hoje.
No entanto, logo depois, veio o balde de água fria...
Vindo para casa, por volta da meia-noite, paramos em um posto para reabastecer o carro, e aproveitamos para comprar alguns produtos na loja de conveniência. Ainda enfeitiçado com o canto da sereia, tentei travar uma conversa com a mocinha do caixa:
"Acabamos de sair de um show maravilhoso da Gal..."
"Quem?", cortou a moça, confusa.
"Gal, Gal Costa."
Ela sacudiu a cabeça e torceu o nariz para revelar sem o menor constrangimento:
"Nunca ouvi falar."
"Tá bincando..."
"Não mesmo. Quem é?"
"Só falta você me dizer que é da Bahia e não sabe quem é a Gal", arrisquei.
"Sou, sim, por quê?"
"Por nada, não".
Paguei e saí perplexo, com vontade tacar o saco de pão na cara dela.
Situações como essas me fazem perder o tesão de continuar escrevendo. Como já dizia minha mãe (lá nos "meus inícios"): "Escrever neste país, filho, pra quem?" E ela estava coberta de razão. Mas, como é da natureza dos pais ver mais adiante e alertar, a dos filhos é contrariar. Contrariei. Contrario até hoje.
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