Hoje, indo a pé na direção da avenida Giovanni Gronchi, fiquei
a alguns passos de distância de dois garotinhos (aparentemente, vendedores de
balas e malabaristas de semáforo). Lá pelas tantas, enquanto aguardávamos para
cruzar a rua, eles discutiram sobre guerra e futebol:
“Guerra tinha que ser assim: eles deviam ajudar quem
precisa. O mundo tá cheio de gente precisando de tudo. Daí, quem conseguisse ajudar
mais, pronto: vencia a guerra.”
Ao que o outro logo emendou:
“Com torcida de futebol, também. Em vez de quebrar tudo, por
que eles não se juntam para ir por aí, dando comida e remédio? Quem fizesse
mais [pelos outros], podia ganhar uns pontinhos pro time...”
Palavras de quem, historicamente, não tem voz (nem vez).
Aquilo me comoveu à beça. Senti vontade de abraçar e beijar os dois, mas, nestes tempos
de fascismo(s) e fúria(s), talvez alguém que estivesse passando por ali me
denunciasse por crime de “abuso” contra menores. O jeito, então, foi me limitar
a piscar e fazer sinal de positivo para eles. Mesmo assim, tomara que ninguém tenha fotografado/filmado; hoje, tudo que você fizer, por melhor e mais bem-intencionado que seja, dependendo de quem estiver do outro lado da lente, pode ser interpretado como "imoral", "pecado" e/ou "aberração".
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