“Este ano passou voando, não?”
“E agora começa toda essa palhaçada de fim de ano...”
“Pois é... Mas que bom que passou rápido, porque 2017, pra mim e pra todo mundo, foi uma bosta.”
“Qual a novidade nisso? Tenho 83 anos, e sei que o Brasil sempre foi uma bosta. De vez em quando, enfeitam a coisa. Mas não adianta; bosta é bosta. O povo não tem memória, fala um monte de besteira por aí. E a gente se ilude porque é burro, mesmo.”
“Credo, não é bem assim...”
“Não? Primeiro, vieram os das caravelas: pra roubar e matar os índios. Mais adiante, a corte, a república... Todos só queriam meter a mão no que podiam. Aí, vieram os milicos, que meteram a mão na cara e nos bolsos de todo mundo, só que ninguém podia abrir o bico para reclamar. Deixaram um rombo, uma inflação absurda e um país atrasado. E agora apareceram esses outros safados. Metem até Deus no meio para ver se ganham um pouco de credibilidade. Pilantras. Todos fazem a mesma escola. Sempre foi assim.”
"Pois é...”
Essa foi a melhor conversa que ouvi nos últimos tempos, ali, na fila dos Correios, quando duas idosas tentavam inutilmente quebrar a monotonia em uma agência abarrotada de clientes carrancudos que não desviavam os olhos dos celulares.
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