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sábado, 9 de maio de 2020

Dia de todas as mães



Sobre o instinto de proteger a vida dos filhos ou filhotes, lembro-me de um fato que testemunhamos (Rogério e eu) num domingo de primavera. Já faz bastante tempo... Latidos insistentes nos acordaram bem cedo. Eram de uma cadelinha muito magra... Havia um terreno baldio em frente ao nosso condomínio, com muros altos e um portão de ferro. A cachorra tentava passar pelas frestas do portão, cavando inutilmente o concreto da calçada. Estava muito aflita. Dois rapazes passavam pela rua, então gritei para eles verem o que estava acontecendo com o animal. Eram filhotes: ela tinha parido, e alguém havia jogado os filhotes dela naquele terreno, dentro de uma caixa de papelão. Enquanto eu me preparava para descer, um vizinho tentou capturar os filhotes com um galho, mas eles estavam longe demais do portão; não dava para puxá-los... e a mãe, ao lado dele e com as patas já em carne viva, continuava tentando fazer um buraco no cimento. Não adiantava tentar afastá-la; ela voltava... e seguia cavando.

Quando consegui ir até lá, o tal vizinho já havia passado a cadelinha por cima do muro. Agora mais tranquila e deitada no meio dos entulhos, ela amamentava os filhotes.

Não tinha muito o que fazer naquele momento. Por sorte, era um dia bonito. Graças aos tocos de árvores e caixotes amontoados do lado de dentro, a cadelinha podia sair daquele terreno, mas não conseguia entrar. Duas ou três vezes durante aquele dia, eu e outras pessoas a ajudamos a pular o muro para que pudesse amamentar os filhotes. Enquanto isso, pensávamos no que podia ser feito para resolver aquela situação.

Eram quatro filhotes: três fêmeas e um macho. Uma das fêmeas, branca e caramelo, tinha um olho azul e outro castanho bem claro. Temíamos que eles saíssem pelas frestas do portão e fossem atropelados pelos carros ou caíssem no bueiro. Resolvemos isso, cobrindo a parte inferior do portão com madeiras.

Segunda-feira, fomos no primeiro horário até uma ONG de animais, que nos instruiu e forneceu equipamento adequado e um ajudante para o resgate dos filhotes. Deu tudo certo. A ONG ficava perto dali; a mãe dos filhotes nos seguiu à distância, mancando e ainda apreensiva. Logo depois das primeiras vacinas e da castração, os filhotes foram adotados. O ideal seria que a mãe os amamentasse até o fim, também fosse castrada... mas, talvez por ter visto que os filhotes estavam bem, ela desapareceu. Devia ter um “dono”. Cães, mesmo recebendo maus-tratos, tendem a permanecer fiéis aos seus tutores.

A maternidade é algo que os homens jamais compreenderão. Essa força que liga a mãe aos filhos é sobrenatural, não tem como medir. Entre os humanos (diferente do mundo animal), é claro que existem exceções. De vez em quando, os noticiários nos apresentam casos extremos de mulheres que abandonam, maltratam, exploram e até chegam a mutilar os seus rebentos. Felizmente, são exceções. A regra é a do amor incondicional para o resto da vida. Mulher é mãe, sempre... seja de filho natural, seja de filho adotado, seja de amigos, seja dos próprios pais e avós, enfim, têm esse instinto de proteger, cuidar até o fim... e com uma força que ninguém sabe de onde elas tiram. Tenho minha mãe de sangue, mulher guerreira e de muita fibra, a Negrinha (ela detesta ser chamada pelo nome de batismo e tratada por “dona” ou “senhora”). Também tive outras protetoras ao longo dessas minhas andanças e tropeços. Relacioná-las aqui? Ih, a lista seria loooonga... E como escolher a ordem dos nomes? Daria confusão, porque elas são muito ciumentas.    

Então, a todas as mulheres, feliz Dia das Mães!




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