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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Mentira dá lucro (e poder)



Está de volta aquele desafio de publicar fotos em preto e branco para lembrarmos da importância da prevenção do câncer de mama. Ok, é uma ação nobre e muito válida. Mas hoje, melhor e maior desafio seria mostrar os seios nas redes e mandar para os puritanos de plantão.

Sempre achei injusto isso de as mulheres não poderem mostrar livremente os seios, que são, para mim, o maior símbolo de sobrevivência e amor à vida. É a primeira fonte do alimento mais importante que recebemos. As mães continuam se doando aos seus rebentos depois do parto, passando a eles o que elas têm de melhor e mais puro: alimento, anticorpos, vitaminas, todo o cuidado e afeto. Essa cumplicidade com o filho somente as mulheres têm.     


Daí a terem transformado os seios em pornografia, erotismo, vulgaridade, vergonha etc., foi uma grande artimanha (mais uma vez) contra as mulheres na tal evolução da nossa espécie/sociedade. Para quem tem imaginação aguçada, tudo pode ser erótico: olhos, cabelos, pescoço, lábios, cotovelo, pés... "Golden shower" (sim, aquela inquietação/curiosidade do presidente), beijo grego, por que não? Desde que consentindo, o fetiche sexual é livre. Pois é... E houve época em que a mulher não podia mostrar perna, braço, pescoço (isso ainda acontece em algumas culturas). Mas logo na ocidental, que já levantou tantas bandeiras e derrubou incontáveis tabus, o seio feminino ainda precisa andar escondido? Conheço “marombados” que têm peitos maiores que muita mulher, e eles podem exibir livremente essa parte do corpo como um troféu, um sinal de virilidade e sei lá o que mais que inventam por aí.


Uma mulher amamentando o filho em público, isso é pecado, atentado ao pudor...?


Que porcaria de olhar é esse do homem que só vê (e impõe) o “condenável” e o “feio” ao corpo da mulher? Em que etapa da vida começa a ficar torta essa visão, já que nascemos sem essas travas na mente?


Do homem andar com o pênis escondido, até entendo: uma proteção necessária ao órgão nos primórdios, pois é uma parte do corpo muito vulnerável. Depois que saímos das cavernas, não deve ter demorado muito para voltar a ser protegido; agora não apenas em uma caçada ou luta, mas também do olhar “do outro”. A grande competição entre os do sexo masculino (héteros ou gays) é pelo tamanho do pênis, como se isso definisse macheza, virilidade, sinal de qualidade reprodutora e, claro, satisfação garantida.


Dou gargalhadas quando leio depoimentos de mulheres que admitem: “Olha, amor vale muito para mim, mas que o tamanho do pinto faz uma diferença danada, isso faz”. É um tipo de vingança instigar ainda mais esse assombro àqueles que desde sempre se especializaram em criar amarras somente (ou “principalmente”) para as mulheres.


Sentindo vontade, amigas: peitos guerreiros pra fora!


Que se danem os hipócritas!


Firmes, já meio caídos, grandes, pequenos, murchos, tatuados, espetados por enfeites, siliconados, machucados, já retirados por tumor, todos são belos!


O tal “pecado” só existe na cabeça, não nos corpos. “Inferno” é só um bom negócio, uma ideia de castigo que dá muito lucro e poder aos que pregam o medo do diabo, da condenação ao fogo eterno e blá-blá-blá para que isso facilite e valorize o “comércio da salvação” praticado por muitas religiões que são caça-níqueis.


Bem mais evoluídos nesse sentido, os outros animais não caíram nessa armadilha que um espertalhão inventou bem lá atrás, desde aquela malfadada mordida que dizem que a Eva deu na maçã. Ali, não do pecado, mas deve ter sido a origem das “fake news”.





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