Total de visualizações de página

sábado, 13 de abril de 2019

A mulher do quindim




Já devo ter contado essa história, mas vamos lá... 

No ônibus, uma idosa muito simples disse para a amiga que tinha comido um quindim. 

“Um quindim!”, comemorou. “Um desses bem grandes que a gente só vê em propaganda!”

Havia comido com vontade e se lambuzado toda naquele desejo saciado. Fazia tempo que queria devorar o doce, mas não tinha condições de comprar. Estava radiante por ter cometido sua extravagância gastronômica.   

Encantado com aquilo, quase passei do meu ponto. 

Eu podia saltar e comprar um quindim para tentar repetir a experiência fabulosa que ela viveu. Naquele momento, por ser uma fase de vacas gordas (algo cada vez mais raro na vida dos ficcionistas), eu poderia comprar dois, três, uma caixa de quindins ou devorar um quindão inteiro... mas seria inútil. 

Ainda vou encontrar e me dar por satisfeito com o meu “quindim”. 

Que tapa na cara a tiazinha me deu! Já vivi mais de meio século, pode ser que eu ainda tenha tempo de encontrar um por aí, tão maravilhoso quanto o dela.

Bom final de semana!

Obs.: recebo críticas a todo instante por me recusar a dirigir automóveis. Sendo um cara solitário desde sempre, pra que vou me isolar mais ainda em uma lata ambulante, se são essas pessoas anônimas que me empolgam mais que tudo? Pode ser que eu coloque essa “mulher do quindim mágico” numa história. Um dia, talvez.


Nenhum comentário:

Postar um comentário