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sábado, 19 de março de 2022

Amor idealizado demais


 

Por falar em Rússia (na época, União Soviética e ainda estávamos na Guerra Fria), Andrei Konchalovsky dirigiria o seu primeiro filme nos EUA. Esta obra, apesar do título, não é sobre o amor romântico. Ou melhor: é, mas que não se completa exatamente por haver excesso de amor. O próprio amor exagerado impede o relacionamento do casal. 

É de 1984. Exibido no Brasil com o atraso normal de um ou dois anos, talvez até mais. Cada longa tinha, em média, oito rolos. Tudo demorava mais para chegar aos cinemas.

Ainda adolescente, assisti três vezes no mesmo dia para entender (ou chegar perto disso) a complexidade das personagens e a imensa solidão de cada um deles. Naquele tempo, era possível ver várias vezes o mesmo filme. Bastava continuar sentado na sala. As salas eram enormes, os funcionários não percebiam... ou não se importavam com os “ratos de cinema”.

Nastassja Kinski, mais lembrada (infelizmente) pela sua beleza e sensualidade, estava outra vez magnífica em cena. Faria outros filmes importantes, com diretores do chamado cinema de arte.

OS AMANTES DE MARIA (que, aliás, temos na nossa videoteca para rever de vez em quando) é obra que não envelheceu, nem envelhecerá, pq fala de sentimentos e conflitos humanos.

PARIS, TEXAS (do alemão Wim Wenders) também é outro filme dessa atriz que está intacto no tempo. Ela não aparece tanto, mas é responsável por uma das cenas que jamais vão sair da minha mente. Tanto que fiz uma referência à impressionante sequência do “bordel de espelhos” em O COVEIRO (romance de 2003 e 2019), recriando a cena de modo ainda mais decadente e marginal.

Era um período de grandes roteiros. Havia contexto e plateia para filmes com tramas mais densas e que exigiam um público mais atento e informado.

Pode ser que volte, mas vai demorar. A minha geração não estará mais aqui.


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