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domingo, 20 de janeiro de 2019

Glauber via longe






Eu gostaria de encontrar uma definição mais clara sobre “gente de bem”. Principalmente, depois das novas matérias sobre pessoas que se consideravam (ou ainda se consideram) “de bem” estarem agora envolvidas em feminicídios, outras agressões contra mulheres, negros, nordestinos, gays, crianças e idosos, também em casos de roubos, desvio de dinheiro público, pedofilia e todo tipo de barbaridade que elas próprias “condenavam” nas redes sociais, além de ajudarem a propagar notícias intencionalmente distorcidas sobre identidade de gênero, educação sexual nas escolas, feminismo, direitos humanos, cotas nas universidades etc. 

O cúmulo dessa ironia perversa é que os nazistas e os fascistas também se consideravam “gente de bem”. E até mais: “raça superior”. Os inquisidores: homens de Deus. Os césares mais sanguinários: divindades. 


Penso que se deva, antes da liberação das armas, definir muito bem o conceito de quem é “gente de bem” e quem é “criminoso disfarçado de santo”.


Será que a Polícia Federal terá condições de fazer sozinha essa triagem de quem é de “Deus e [quem é do] diabo na terra do sol”?



quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Sem mira, mas com lubrificante







Vamos ver agora como ficarão os bate-bocas no trânsito ou nas saídas dos estádios e das baladas (sem falar nas brigas domésticas, que já são violentas). O Estado acaba de assinar a "confissão" de que não tem a menor competência (nem vontade) de desarmar os bandidos. Daí, por pressão da indústria do armamento (cujo lucro é maior ou tão fabuloso quanto o do narcotráfico e do jogo - talvez os da fé e da prostituição estejam bem à frente nesta lista, mas...), libera o "salve-se quem puder".

Enfim, uma vez que será liberado o uso/porte de armas e como bandido está mais treinado no manuseio disso que para eles é instrumento de "trabalho" desde muito cedo, sugiro que os interessados comprem uma, mas arranquem logo a mira e tenham sempre lubrificante por perto; vai doer menos quando eles lhe enfiarem o revólver no...

Calma! Logo vão entender como a frase termina.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Dos achados e dos perdidos






Eu estava próximo ao Cemitério da Paz, aqui no Morumbi, quando duas senhoras, cheias de boas intenções, me abordaram de supetão:

“Jesus te ama, filho!”

No melhor do melhor de mim, devolvi a delicadeza:

“É? Que bom...”

Contentes com aquele meu espasmo de simpatia, elas se animaram e, revistas da religião delas em punho e versículos recitados com fervor, tentaram me convidar para um encontro de jovens:

“Tenho 51 anos...”, avisei.

“Mas é tão moço!”, uma delas disse admirada.

“Só de cara”, rebati.

A outra:

“Sou dez anos mais nova, e olhe só pra mim.”

Eu (não deveria ter dito, mas escapou):

“Muita igreja, talvez.”

Elas se entreolharam, riram contrariadas e, retomando a postura de recrutadoras de almas perdidas, ainda tentaram dar a última cartada:

“Temos que segurar na mão de Jesus, só o Cristo pode nos levar para o paraíso. Sabia que lá, no paraíso, vamos reencontrar todos os nossos amigos e parentes queridos?”

“Então é melhor eu ir para o inferno...”

“Credo!”, gritou a mais alta. 

“Não diga isso, filho!”, emendou a outra.

Por sorte, o sinal já estava fechando para os carros e abrindo para os pedestres. Aproveitei para finalizar:

“Já tô acostumado com o inferno e nesse paraíso aí não vai ter muita gente que conheci, não.”

Cruzei a rua. As duas mulheres ficaram do outro lado, olhando pra mim e cochichando. Evito, faço de tudo para fugir de situações desse tipo. Juro que não sou eu que corro atrás dessas histórias, elas é que me perseguem a todo instante pelas ruas.