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domingo, 11 de setembro de 2016

Novos velhos tempos




Em meados dos anos 1980, com 17 para 18 anos (naquele tempo a maioridade era aos 21, precisei ser emancipado pelos meus pais para poder estudar em São Paulo) quando fui divulgador na Editora Vozes, ajudei a trabalhar esta obra junto à imprensa: Brasil: nunca mais, com prefácio de Dom Paulo Evaristo Arns. 

A famigerada ditadura militar caminhava para o fim. 

E veio o fim (?). 


Comemoramos!


Havia esperança de voltarmos de fato à democracia. 


"Eleições diretas já", reivindicávamos nas ruas. 


E elas vieram (não completas, mas vieram). 


Então recebemos o primeiro revés da história: o presidente eleito morreu (?), Tancredo neves não chegou a assumir. No lugar dele, recebeu a faixa José Sarney (vice, era do PMDB). 


Na década seguinte, novas eleições (bastante manipuladas pelas mídias) colocaram (!) Fernando Collor no poder. O barco desse novo governo logo fez água (mais por arrogância e incapacidade de gerenciamento político do presidente que corrupção; hoje sabemos disso). Outro do PMDB ficou no lugar dele: Itamar Franco. 


Então veio Fernando Henrique, em quem, confesso, depositei esperanças; por ele ser intelectual e acadêmico reconhecido, acreditei que iria, finalmente, investir pesado em educação. Que nada, tudo continuou como estava nessa área... ou até piorou. 


Depois vieram Lula e Dilma... Até que, por uma manobra que a história (se bem contada) deverá tirar a limpo, volta a assumir o poder alguém do partido soturno e sobrevivente (?) da ditadura... Ou seja: Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático (?) Brasileiro (PMDB, antigo MDB... quando só havia Arena, de direita, e MDB, supostamente de esquerda). 


Nas manchetes, agora parte do povo volta às ruas pedindo novas eleições. Também políticos conservadores que defendem (?) tradição, família e propriedade (TFP ressurgida das supostas cinzas) acabam envolvidos exatamente no que tanto alegam estar dispostos a combater (?): a corrupção. Nas passeatas, a polícia militar entra em confronto com os manifestantes. Bombas são jogadas. Prisões são feitas de modo aleatório (?). Agentes (?) são infiltrados. Arruaceiros, talvez idem, para justificar (?) tais represálias violentas aos movimentos. 


Emfim, vendo tudo isso, a pergunta que fica é: houve mesmo uma volta à democracia?
A(s) ditadura(s) acabou(acabaram)? 


Hoje, eu acrescentaria ao título deste importante livro sobre torturas e torturadores um "talvez". Ficaria assim: Brasil: (talvez) nunca mais.


Algo para pensarmos com muito cuidado e carinho, não?



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