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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Se não mato, morro!


Certa vez, li que só percebemos a nossa “velhice” quando começamos a fazer críticas às novas gerações. Não sei se isso é verdade, porém, de uns tempos para cá, tenho notado que a maioria dos jovens de hoje não é muito chegada a certas delicadezas que fazem (faziam?) parte da boa convivência em sociedade. Sim, estou falando da (e acredito que démodé) BOA EDUCAÇÃO! Infelizmente, é cada vez mais comum não recebermos de volta uma resposta adequada aos nossos cumprimentos, sorrisos, gestos, enfim, atitudes de pura cordialidade. Isso sem falar nas tentativas frustradas de manter um diálogo mínimo com algum estranho. E nem precisa ser alguém, assim, tão desconhecido. Ao passarmos com nossas compras em um caixa de supermercado ou farmácia, por exemplo, devemos nos limitar a pagar, e nada mais. É perda de tempo dizer “olá, como vai?” ou “obrigado”. Tolice; não seremos ouvidos! Antes, eu ainda insistia, acreditando que não falara suficientemente alto e claro. No máximo, o que eu recebia de volta era um sorrisinho anêmico e/ou um olhar de tédio. Em seguida, as perguntas automáticas: “Mais alguma coisa, senhor? Vai querer CPF na nota?”
De modo que fui desistindo de bancar o idiota simpático. Acabei me transformando no idiota arrogante. Entre o primeiro e o segundo complemento, prefiro aquele que, no mínimo, não me deixa em desvantagem em relação aos meus atuais inimigos. Ou seja: não cumprimento mais. Também não peço licença/desculpas. E até evito olhar nos olhos de quem não conheço. No meu tempo (olha aqui meu atestado de idade!), não olhar nos olhos das pessoas era sinal de arrogância e/ou falta de sinceridade. Não, eu não era assim. Acontece que para sobreviver tive que aprender a ser esnobe, intocável, perigoso!
Pois não era desse jeito que preparavam (ainda preparam?) os cães para a guerra? Ou seja: quando ainda filhotes, os bichos eram amarrados em um local escuro, frio e úmido. De tempo em tempo, vinha um instrutor para jogar água neles, espancá-los com correntes, pedaços de pau. No começo, os animais se esquivavam, tentavam fugir, ganiam. Dias depois, percebendo que de nada adiantaria demonstrar medo ou dor, em vez de recuar, avançavam. Ótimo! Era sinal de que os cães estavam prontos para os campos de batalha. Nada mais iria assustá-los.
Às vezes, é mais ou menos dessa forma que me sinto em São Paulo: em eterna vigília de combate. Ressabiado, antes de ser atacado, arranco os pinos das minhas granadas e salto da minha trincheira, dentes arreganhados, feroz, sanguinário.    

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