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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desistir, jamais!


Em 2007, uma amiga editora me chamou para conversar... e fez uma proposta inusitada: produzir um roteiro de história em quadrinhos para o clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis. 
Como assim escrever um roteiro de HQ? Embora eu já tivesse escrito para cinema, jamais tinha parado para pensar em como seria um roteiro para uma história em quadrinhos. Por onde começar? Como produzir algo para ser transformado em desenhos? E logo Dom Casmurro, um dos meus traumas de leitor iniciante, quando nas escolas nos enfiam goela abaixo os tais clássicos! Nada contra esse tipo de obra, mas tudo que nos é imposto acaba gerando repulsa/antipatia. Em especial, na adolescência.
Enfim, arregacei as mangas e enfrentei o desafio. Depois de ler/estudar várias e várias vezes o romance e de fazer incontáveis pesquisas (vestuário, arquitetura, decoração, comportamento etc.), comecei a trabalhar na adaptação. Mesmo tendo conhecimento de obras de outros autores que também se atreveram a mergulhar no universo machadiano, preferi fazer a minha própria leitura, buscando o máximo de fidelidade à obra original. E foram quase dois anos de trabalho árduo. Durante o processo de criação do roteiro, alguns profissionais desistiram de participar do projeto – inclusive a própria editora que havia feito o convite. Afinal, além de arriscado, era algo extremamente cansativo. Não tinha remuneração alguma, apenas a vontade de que todo aquele tremendo esforço não fosse em vão. 
 Quando finalizei o texto, havia apenas um jovem artista disposto a enfrentar a maratona de transformar em desenhos as quase 200 páginas de roteiro: Mario Cau. Admito que só concluí minha parte do trabalho, porque não sou de desistir de nada. A partir daí, o Cau tomou as rédeas, e não me deixou jogar tudo no fogo. Pois bem, quase cinco anos depois, nosso projeto acaba de receber da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo um belo prêmio/incentivo. Portanto, correndo tudo bem, será finalizado e lançado em 2012. Agora, começaremos a conversar com editores para avaliar/negociar propostas. Depois de tanta dedicação e espera, merecemos um livro, no mínimo, muito bem editado/lançado.
Obrigado, Cau, pelo seu talento! Pela sua teimosia! Tenho aprendido muito com você. Principalmente, a lidar melhor com o tempo das coisas!      

Um comentário:

  1. Felipe, estou na torcida para participar da produção. Acompanhei parte do processo e me sinto coadjuvante na obra.

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